Pré-estreia nesta quarta (15/10): Documentário revive movimento de jangadeiros contra o tráfico de negros no Ceará em 1881

14/10/2025

Um resgate do movimento que fortaleceu a abolição da escravatura no Ceará está em "A Rebelião dos Jangadeiros" (2025 | Brasil | 90 min), longa-metragem dos diretores Cinthia Medeiros e Demitri Túlio e produção executiva de Íris Sodre (Gavulino Filmes). Contemplado no XIV Edital Ceará de Cinema e Vídeo, da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, o documentário tem pré-estreia nesta quarta-feira (15), às 18 horas, no Cinema do Dragão, abrindo a Mostra Siará Cinema. Acesso gratuito.

Este filme de impacto revive o ano de 1881, quando jangadeiros cearenses se rebelaram recusando-se a transportar povos escravizados para os navios que os levariam para os seus novos "patrões" no sul e sudeste da então colônia Brasil. O episódio ocorreu nos dias 27, 29 e 30 de janeiro daquele ano na Praia do Peixe, atual Praia de Iracema, e ganhou repercussão nacional por seu "porta-voz" abolicionista Chico da Matilde, o Dragão do Mar.

O filme se aprofunda em um olhar mais histórico, social e contextual da narrativa por meio de depoimentos do historiador Jones Manoel e Arilson Gomes, as antropólogas Antônia de Araújo e Vera Rodrigues, a cantora, compositora e ativista do Movimento Negro, Mallu Viturino, o museólogo Saulo Moreno, o cientista social Hilário Ferreira, o desembargador André Costa e a fundadora do Grupo de Consciência Negra do Ceará (Grucon), a teóloga e filósofa Lúcia Simão, falecida em agosto deste ano. Além de seu depoimento no longa, ela entoa a "loa", canto que celebra aspectos da tradição, da cultura afro-brasileira e dos orixás.

"Eu não conheci José Napoleão, não conheci Preta Simoa, a Tia Simoa, nas aulas de história da escola e nem na universidade. "Para mim, foram completamente desconhecidos da história de resistência e de luta do povo negro no Ceará". Trecho do depoimento da pesquisadora, artista e ativista Antônia Araújo, doutora em Antropologia Social.

A ficção se intercala aos depoimentos com um diálogo entre a jovem Nina (Sâmylla Costa) e sua avó (Adna Oliveira) e suas reflexões à beira-mar sobre o movimento abolicionista e o tráfico de pessoas escravizadas. A atriz Marta Aurélia traz à cena uma representação imaginária de Preta Simoa, como uma espécie de guardiã dessa história, conduzindo os devaneios e questionamentos de Nina sobre o passado do seu povo e suas lutas.

HOMENAGENS
Duas personalidades que participaram do filme com seus depoimentos serão homenageadas na pré-estreia. Uma delas é a fundadora do Grucon, Lúcia Simão, que será representada por sua irmã, Maria Cleide, e seu marido, William Augusto Pereira.

Também será homenageado o cientista social Hilário Ferreira, autor da pesquisa que gerou a primeira matéria sobre o tema e inspirou a produção deste filme. Mestre em História e doutorando pela UFC, ele é um dos principais pesquisadores das relações raciais no Ceará. Sua trajetória acadêmica e militante ilumina temas como africanidades, presença banto, branquitude e a violência cotidiana do racismo.

FICHA TÉCNICA
A rebelião dos jangadeiros
2025 | Brasil | 90 min.

Direção: Cinthia Medeiros e Demitri Túlio

Roteiro: Cinthia Medeiros e Demitri Túlio

Produção Executiva: Íris Sodré | Gavulino Filmes

Elenco: Adna Oliveira, Marta Aurélia e Sâmylla Costa

Ficha técnica completa

SINOPSE
Longa documental que revive o ano de 1881 quando jangadeiros cearenses se rebelam recusando-se a transportar povos escravizados para os navios que os levariam para os seus novos "patrões" no sul e sudeste da então colônia Brasil. Simbora ?

Serviço:
A rebelião dos jangadeiros - Pré-estreia em Fortaleza
, dia 15 de outubro (quarta-feira), às 18h, na Mostra Siará Cinema, da Secult, no Cinema do Dragão (Rua Dragão do Mar, 81 – Praia de Iracema).
Acessos ao Cinema do Dragão:
Rua José Avelino - atravessar a praça pelo Palco Rogaciano Leite Filho;

Rua Boris - em frente ao Hub Cultural Porto Dragão;

Av. Pessoa Anta - ao lado da Caixa Cultural.