Mais de 4 mil casos de hepatites virais foram registrados no Ceará em menos de 10 anos

Julho é marcado pela campanha nacional Julho Amarelo, voltada à prevenção, conscientização e combate às hepatites virais, doenças silenciosas que afetam o fígado e podem evoluir por anos sem apresentar sintomas. Apesar da aparente ausência de sinais, os riscos são altos. No Ceará, entre 2015 e maio de 2024, foram registrados 4.158 casos de hepatites virais, de acordo com o Boletim Epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). A maior parte dos casos foi de hepatite C, com 2.185 notificações (52,5%), seguida da hepatite B, com 1.721 casos (41,4%) e hepatite A, com 237 registros (5,7%).
Ainda segundo o boletim, o período contabilizou 228 mortes associadas às hepatites, sendo 159 delas causadas pela hepatite C, considerada a mais letal e silenciosa. As formas de contágio variam entre os tipos da doença. A hepatite A é geralmente transmitida pelo consumo de água ou alimentos contaminados, sendo mais comum em áreas com saneamento básico precário. A prevenção é feita por meio da higiene adequada e da vacinação, especialmente entre crianças e pessoas imunossuprimidas. Já a hepatite B é considerada uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), também podendo ser contraída pelo contato com sangue contaminado, como no uso compartilhado de agulhas, alicates e lâminas.
Existe vacina eficaz e gratuita, disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo esta a principal medida preventiva. Quando não tratada, pode se tornar crônica e levar a complicações hepáticas graves. A hepatite C, por sua vez, é transmitida principalmente pelo sangue, especialmente em transfusões realizadas antes de 1993 ou procedimentos invasivos sem esterilização adequada, como tatuagens, piercings ou o uso compartilhado de objetos cortantes. Embora ainda não haja vacina, o tratamento disponível pelo SUS pode alcançar mais de 95% de cura, principalmente quando iniciado precocemente.
De acordo com o médico Lucas Ito, da instituição católica Cruz da Vida, o grande desafio está justamente no fato de que muitas pessoas convivem com a doença sem saber. "As hepatites virais, especialmente a B e a C, são traiçoeiras porque podem evoluir silenciosamente por décadas. A testagem é fundamental mesmo para quem não apresenta sintomas evidentes, especialmente em grupos de risco", alerta o especialista. Simbora lá?