Ausência de likes em redes sociais pode ser libertadora, garante psicólogo
Desde o último dia 17 de julho, a maioria das contas no Instagram deixaram de exibir as curtidas para o público em geral, ficando restrita aos usuários. O Brasil foi o segundo país no mundo a ser incluído pela plataforma nesse teste, cujo objetivo é proteger a autoestima principalmente dos jovens. Com este novo cenário, o psicólogo clínico do Hapvida, Esly Nascimento de Medeiros, faz um alerta sobre a busca desenfreada por reconhecimento e likes através das redes, lembrando que é preciso entender o sentido para utilização de uma rede social.
Com 230 milhões de smartphones em uso no país, segundo a 30ª Pesquisa Anual de Administração e Uso de Tecnologia da Informação nas Empresas, realizada pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), divulgada no último mês de abril, é impossível não conhecer alguém que em segundos faz um clique, edita e publica nas redes sociais. Compartilhar o dia a dia em busca de likes têm se tornado uma prática cada vez mais comum na sociedade atual. Um estudo desenvolvido pela KasperskyLab na América Latina, em conjunto com a empresa de pesquisa chilena Corpa, mostra que um em cada quatro brasileiros prefere ter sua casa ou carro roubados em vez de ter suas redes sociais invadidas e perder o acesso a elas para sempre.
"Compartilhar um momento especial para que outros possam se inspirar, tornar notória a alegria, a emoção, sem a obrigatoriedade de ter um longo alcance de pessoas que talvez você nem conheça pode ser libertador. É natural desejar tornar pública a sua experiência, e a ausência do número de likes nos poupará do desejo de aprovação e reconhecimento. Apesar da frustração com o fim dos likes, pouco a pouco as pessoas começarão a entender o sentido de se utilizar uma rede social ou de postar uma fotografia. O importante é compreender que: quem precisa estar feliz e satisfeito com a nossa vida somos nós mesmos", afirma o psicólogoEsly Nascimento de Medeiros.
Com base na pesquisa, Esly destaca que na conta de rede social é possível o sujeito mostrar quem gostaria de ser integralmente ou quem acredita ser e, a partir do momento em que se tem a conta hackeada, apresenta um sentimento de invasão da sua vida e isso explica o fato de muitos preferirem ter uma casa ou carro roubados ao invés das redes sociais. "Não saber o que farão com a nossa imagem, o que publicarão em nosso nome causa temor. Além de dados particulares que ficarão nas mãos de quem não se sabe quem é", esclarece.
"Infelizmente, temos vivido tempos cruéis. De um lado existe a crueldade em julgar, apontar o dedo, condenar, estereotipar, rotular, como se ali, do outro lado da tela, não existisse um ser humano. E de outro lado existe uma vulnerabilidade emocional que nos impede de aceitar críticas como algo construtivo ou de reconhecer que a opinião e/ou julgamento alheios não nos deveria definir", observa o psicólogo. Então, que tal curtir mais a presença das pessoas queridas e se importar menos com as curtidas? Simbora lá?
Colaboração: Psicólogo Esly Nascimento de Medeiros